Sem escrever não vivo na plenitude
as palavras são folhas de um trevo
as quais formam os versos que escrevo
eu sou o objecto, elas são a atitude
Escrevo o melhor que posso e sei
eu sou o boneco, palavras são Giuppetto
escrevo poemas como este soneto
descoberta nova e adicto fiquei
São versos o que respiro
são quadras o que sinto
prazer que tenho na vida
Noutra era escrevi em papiro
digo só verdades, não minto
porque a escrita me é querida
Olá se acontece! Volta e meia tenho um desses "ataques de poetice"! E o pior é que, de vez em quando, também me dão "ataques de pintura" e então é que é uma catástrofe porque a parafrenália de instrumentos é muita e eu esqueço-me mesmo de comer e dormir. Já cheguei a ir para o jardinzinho em frente da minha casa com a bata, o cavalete, a tela e tudo o mais, para aproveitar as condições climatéricas de alguns dias. São pulsões muito fortes e, de uma maneira geral, dão belíssimos trabalhos. Depois ficamos felizes e exaustos.
Abraço.
De
manu a 1 de Dezembro de 2008 às 22:49
Quem me dera fazer disto vida
era sinal que a cultura rendia
viveria uma existência sadia
juntava ao prazer a contrapartida
mas as coisas não são assim
temos de ter outra profissão
e na vida não há outra solução
porque sem comer é o nosso fim
às vezes sonho bem alto
vejo realidades fora de alcance
mundos que não são meus
penso que posso dar o salto
mas só vejo essa vida de relance
e sigo a vontade de Deus
Mas é assim mesmo, Manu. Vivemos numa sociedade que nos não permite sobreviver da escrita e da pintura. Para mim, que tenho mais 20 anos do que o Manu e uma doença crónica, esta é a hora da verdade. Fui trabalhando no que pude, enquanto pude e sempre a adoecer com alguma gravidade. Num mercado competitivo e a afundar-se no oceano da crise, só um louco me daria trabalho... 56 anos, dificuldades motoras ao nível dos membros (mãos e pernas), etc, etc. Acabava por ter sempre muito mais faltas do que presenças. Agora é a minha altura de produzir e dar o meu melhor enquanto ser humano, por muito difícil que isso seja de entender para a esmagadora maioria das pessoas.
Abraço.
De
manu a 1 de Dezembro de 2008 às 23:15
Como não se vive da cultura
ficamos eternos amadores
carregamos o fardo das dores
provocadas pela vida dura
mas melhores dias virão
outro valor nos vão dar
só temos de acreditar
mas com os pés no chão
amiga poetisa sou solidário
e compartilho esse lamento
como bem a compreendo
faz-se arte sem salário
só de trabalho há aumento
e assim vamos vivendo
Abraço.
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