Na infância, uma curiosidade de menino
qualquer criança quer saber muito mais
donde vem, qual a proveniência dos pais
para onde vai e que lhe reserva o destino
Tudo é gigantesco quando se é pequenino
o mundo é enorme, de proporções abissais
mas já diz o ditado criado pelos ancestrais
desde pequenino é que se torce o pepino
O pequeno transforma-se em gente grande
outros mais pequenos que ele se seguirão
e as mesmas perguntas eles lhe vão fazer
Ouvi-las-á enquanto por este mundo ande
e com ele os mais petizes logo aprenderão
que só ensina aquele que soube aprender
O solstício da minha vida
passou por mim
como uma sombra fugidia.
Ocultou-se anónimo
nos becos e vielas mais escuros
longe do meu olhar
faminto de luminosidade.
O meu Verão
teve temperaturas amenas
e brisas frescas
tornando insignificantes
os meus mergulhos
no Oceano dos sentimentos.
Agora vivo no equinócio
embrulhado numa coberta de solidão
que não afasta o frio.
Neste meu Outono precoce
vejo impotente
a queda das folhas caducas do amor
e vivo na saudade
de um tempo que não vivi.
Num dia como tantos outros
de céu limpo e Sol brilhante
acampei o meu corpo
junto as margens do lago.
Nesse dia igual a tantos
acostado a uma rocha
embrenhei-me na leitura
de um livro esquecido.
Folheei cada página
com entusiasmo de criança
numa entrega incondicional.
Apenas me servi da visão
desliguei os demais sentidos.
Sem som que me distraísse
ou cheiro que me cativasse
sem sensibilidade no toque
e entregue ao mutismo
vi as maravilhas da palavra
com estes meus olhos predadores.
Nesse dia sem paralelo
alheado do mundo
repeli os sentimentos
afastei de mim o Ser pensante.
Nesse dia fui feliz.
Não me abandona esta feliz memória
um pedaço de vida da minha história
que, amiúde, ressurge como um sonho
longe de a poder nomear como vitória
é como um simples momento de glória
e me planta na face um sorriso risonho
Mero instante feliz com alguma tristeza
um contraste incoerente mas de beleza
contá-lo em palavras não me proponho
minha felicidade está na ufana certeza
que o amor fugiu de mim com clareza
começou alegre, teve um final bisonho
No dia em que nasci
houve risos e alegria
para nascer não pedi
e também nem podia
Eu surgi neste mundo
fruto de grande amor
de sentimento profundo
grande paixão e fervor
Meus primeiros passos
foram muito hesitantes
quedas, que embaraços
tombos e semelhantes
A primeira palavra dita
ninguém tem memória
há uma tia que acredita
ter ouvido dizer glória
Quase três anos depois
nasceu uma menina
agora já éramos dois
qual o mais traquina
Mais três anos passaram
e outra menina chegou
meus braços a embalaram
meus cabelos ela puxou
Mas são águas passadas
ressentimentos à parte
elas hoje estão casadas
eu juntei-me com a arte
Cada um com seu caminho
cada um com sua estrada
elas com filhos e carinho
eu com a poesia, mais nada
Vidas certas sem deslizes
três rebentos bem criados
hoje três adultos e felizes
outros tempos e cuidados
Soa o alarme, ouvem-se as trombetas
agora são exactas as ideias obsoletas
ferve o mundo num frenético reboliço
soldados em paz limpam as escopetas
nos bastidores aglomeram-se silhuetas
alerta! O planeta sofre de um enguiço
A mãe natureza já sofreu em demasia
transmitiu todos os avisos que podia
mas o homem recusou o compromisso
dificilmente vislumbraremos melhoria
e agora espera-nos um fim em agonia
a humanidade pagará bem caro por isso
É um mito essa história do golpe perfeito
é preciso muito mais que ter algum jeito
sem ser apanhado com a boca na botija
ser meliante por adição não é agir direito
golpistas merecem desdém, não respeito
pena não haver no mundo quem os corrija
Sei que a vida nunca é como a queremos
mas é necessário viver com o que temos
e não desejar o que está longe do alcance
aparecem muitas coisas que pretendemos
e provavelmente jamais as alcançaremos
e limitamo-nos apenas a vê-las de relance
Entendo também as dificuldades da vida
muitas vezes é difícil enxergar uma saída
tentando, encontra-se uma nobre solução
nem todos podem tocar a terra prometida
para muitos a riqueza é ambição proibida
os golpistas acabam pelo menos na prisão
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