Estou a viver esta vida a cem à hora
hibernado no passado, respiro agora
eras diferentes vividas num momento
preso ao que não tive, apenas memória
a um amor fantasma, triste, sem glória
fantasias nocturnas, ilusões ao relento
Noites perdidas com discursos calados
tanto alma como coração, danificados
gigantesca é esta cicatriz no meu peito
o tempo tudo cura?!! Não senti nada!
A esta ferida purulenta ainda infectada
nenhum antídoto consegue fazer efeito
Grande enfermidade esta que me afecta
virulenta doença que minh'alma infecta
fui corrompido pela maior das moléstias
o tempo tarda em ser médico de serviço
e assim continuo neste estado enfermiço
e de cura, nem há esperança nem réstias
Ó destino traidor, que amor tu me deste
doença mais mortal que a própria peste
que te fiz eu para merecer esta traição?
Acaso serei digno de carregar esta cruz
viver nas trevas, do amor sorver a pus
e ver embalsamares este pobre coração?
Da tua boca quero um beijo, estou sedento
não existe sede que eu mais queira saciar
dos teus lábios, amor, sorvo o meu alento
e o alento dos teus beijos só tu podes dar
Da tua boca não vem nada, como lamento
que triste é, os teus lábios, eu jamais tocar
feliz seria eu se viesse esse feliz momento
e teus lábios a minha boca viessem beijar
Mas a tua boca anda bem longe da minha
e em outra boca tem depositado os beijos
que esta minha boca tanto anseia e deseja
Por isso a minha boca aos poucos definha
e dela apenas se podem ver meros bocejos
como é triste ter uma boca que não beija
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