Ser poeta é ser em tudo diferente
analisar todas as situações do mundo
falar das feridas e tocar bem fundo
sem se preocupar em ser eloquente
nem fazer caso das palavras alheias
viver sempre das suas próprias ideias
e lutar com todas as forças que sente
Ser poeta é ser único perante iguais
mostrando em verso a sua criatividade
singular e cheia de individualidade
sem perder o gosto de alcançar mais
porque apenas o céu pode ser o limite
a um verdadeiro poeta, tudo se permite
porque os poetas nunca serão normais
Ser poeta é ter uma energia sem fim
é ser-se incansável buscando perfeição
é escrever, dando bom uso à inspiração
porque o poeta só pode ser feliz assim
não há prémio que o possa envaidecer
nem saudade que o consiga entristecer
o poeta é jardineiro, a poesia é o jardim
Nem todos podem ser como os poetas
ter, no corpo, tatuada a marca dos eleitos
e ser eternamente recordado pelos feitos
proezas heróicas que se queriam discretas
actos e palavras que ficam na história
pedaços de nós, poetas são memória
enciclopédias de mil fantasias concretas
Os poetas nunca são bons nem são maus
são simplesmente óptimos pensadores
sofrem pela poesia e sentem-lhe as dores
como se fossem agredidos com paus
isto digo eu que sou simples aprendiz
e que nesta condição consigo ser feliz
para ser poeta faltam-me alguns degraus
Amigo Manu:
Você não perde a forma, de modo nenhum, de poduzir tão boa poesia. Admiro, na verdade, a sua facilidade em tirar de dentro de si cada poema, que deixa maravilhado quem com sensibilidade poética o leia. Neste poema, porém, apesar de cada poeta ser um poeta diferente, eu discordaria de si um pouco em relação ao penúltimo verso da 3.ª estrofe, «nem saudade que o consiga entristecer», pois os poetas, como é sabido, e comigo aconteceria isso, sofrem de saudades, sofrem do passado. Por mim, talvez tivesse posto «mas saudade que o posssa entristecer». Mas, como o Manu fez há pouco tempo a tal viagem «de cura», pode ser que agora para si faça mais sentido assim... E em relação ao 2.º verso da 4.ª estrofe, «ter no corpo tatuada a marca dos eleitos», eu teria preferido «ter na alma tatuada a marca dos eleitos». Bem, mas, como você disse, e eu concordo, cada poeta é diferente dos outros.
Concordo com a sua geral definição de poeta.
Depois de alguns dias ausente,
de novo admiro a sua arte,
que na alma lhe nasce e parte,
tão bela, tão fácil, tão fluente,
para quem a queira sentir,
lendo-a, mesmo sem a ouvir,
neste poema tão atraente..
Um abraço, Manu.
Mírtilo
De
manu a 3 de Julho de 2009 às 21:38
Amigo Mírtilo!
Ser poeta é sentir de forma distinta
cada poema que nasce de nós
cada poeta exulta com a sua voz
e é único nos poemas que pinta
de tudo isto, resulta uma certeza
na diferença está a real beleza
desde que toda a poesia se sinta
Como o amigo sabe ( já me conhece um pouco, através da poesia), o que escrevo é muito espontâneo. Essa espontaneidade, por vezes, resulta em poemas escorreitos mas com pequenos detalhes que poderiam merecer outra atenção. Fico muito contente que o amigo tenha partilhado comigo, de forma tão aberta e directa, o seu ponto de vista. É através deste tipo de comentários sinceros e construtivos que posso retirar alguns ensinamentos, e assim evoluir na minha escrita. Agradeço-lhe por esse facto. Um forte abraço.
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