Este é o último poema deste findo ano
como um voto de esperança renovada
surgiu assim de repente, do nada
sem ter sido traçado o seu plano
desejo a todos um ano cheio de amor e paz
e que continuem a ser belos como até agora
que as tristezas desapareçam, vão embora
façam tudo aquilo que mais vos agrada, apraz
com chuva ou sem ela, muito boas entradas
por cada passa um desejo que valha a pena
para todos tudo de bom, uma vida mais amena
um dois mil e nove com muitas gargalhadas
sorrisos de orelha a orelha, muita alegria
pudesse eu mandar, tudo isso vos mandaria
Em meu braço um fumo
negro de saudade recente
pela perda de um parente
amanhã regressa ao humo
O último elo com o passado
desprendeu-se da corrente
ente querido de toda a gente
também por Deus foi amado
Partes agora, adeus avó
no meu peito fazes morada
serás sempre avó menina
No céu não estarás só
por muitos és esperada
até sempre avó Felismina
Que os anjos te acompanhem na tua última viagem
Eu poderia suportar com dor
que tivessem morrido todos os meus amores,
mas enlouqueceria
se morressem todos os meus amigos!
A alguns deles nem sempre os procuro
basta-me saber que eles existem!
Esta mera condição me encoraja
a seguir em frente na vida!
Mas é delicioso que saibam que vos adoro
embora não o declare
e não os procure sempre
VINICIUS DE MORAES
Esta foi a melhor mensagem de Natal que recebi
Sentado no banco do jardim
observo o mundo em meu redor
vejo homens, mulheres, crianças
vejo rostos
vejo alegria, tristeza, choro
um casal que se ama
ainda se ama...
vejo brincadeiras de crianças
vejo uma mais traquina
a ser repreendida
chora, grita, faz birra
a mãe desespera
mas austéra
diz que chegou a hora de partir
a criança chora
vejo jogos de adultos
jogos de sedução
palavras sussurradas
a ouvidos atentos
sorrisos abertos, brancos
vejo brilhos nos olhares
bocas que se beijam
ainda se beijam...
vejo jogos de reformados
cartas, dominó, xadrez
velhos e menos velhos
em redor de outros velhos
que jogam
cartas, dominó, xadrez
ás de trunfo!
carrão!
xeque-mate!
cada um com seu jogo
aptidão
vejo também solidão
vejo e observo um rosto
nossos olhares cruzam-se
recebo um sorriso
podre, mas sorriso
retribuo com um aceno de cabeça
gesto convidativo
vem, senta-te aqui!
vem falar um pouco!
hesitação
desconfiança
mas por fim... a cedência
- Chamo-me Emanuel, e você?
- O meu nome é Gente.
- Quem tem o nome de... Gente?
digo sorrindo
mas admirado com a resposta
- Toda a gente.
fico sem palavras, não compreendo
- Olha filho!
diz o homem, pouco mais velho que eu
chamado Gente
- Quando reclamam comigo
não me chamam António, Manuel ou João
dizem sempre
" Sai daqui pedaço de gente"
" Mas que gente esta!"
" Porque deixam esta gente andar aqui?"
compreendes agora?
fico calado
sem saber que dizer
o silêncio diz tudo
levanto-me
estendo-lhe a mão
- O meu nome é Emanuel, e o seu?
ele olha-me a mão
hesitante aperta-a
- O meu nome é gente. Pedro gente.
e ri
um riso podre... mas riso
Mais um ano chega ao fim
amigos que voltaram
amigos que partiram
amigos que se perderam
amigos que se ganharam
novos amigos
novas amizades que fiz
porque finalmente
dei um passo em frente
e aderi à Internet
e desde esse dia
tenho feito amigos
amigos que desconheço
amigos que vou conhecendo
amigos sem rosto
amigos
homens e mulheres
de carne e osso
como eu...
que partilham uma paixão
a poesia...
vários estilos
várias temáticas
diferentes perspectivas
mas sempre
com paixão pela poesia
amigos que me leram
amigos que eu li
amigos com quem aprendi
amigos que têm muito para ensinar
amigos com quem posso aprender
amigos que me forçam
que me motivam
que me inspiram
amigos
amigos que não conheço
amigos que vou conhecendo
Maria, Catarina, Vera, Ausenda,
Sónia, Breizh, elas
Filipe, Álvaro, Alex, Peter, Miguel,
António, eles
nomes de amigos
amigos que não conheço
amigos que vou conhecendo
Obrigado
por três meses de amizade
Faz-se o balanço de mais um ano
reflectimos sobre o que passou
faz-se contas à vida, nada sobrou
delineamos outra estratégia, plano
criamos novos objectivos pessoais
novas metas nos propomos atingir
e mais de nós próprios vamos exigir
porque é nossa natureza querer mais
um ano está a acabar
não foi mau nem foi bom
apenas passou a correr
novo ano vai começar
pode ter o mesmo tom
assim o possa eu viver
São dez anos de tradição
ou devo dizer ritual?
há em casa muita animação
nesta época de Natal
para alegria da pequenada
um velho gordo aparece
uma cabecinha mais desconfiada
do Titi não se esquece
- Foi tomar conta das renas,
está lá fora a trabalhar.
Entretanto dou-vos as prendas
toca a desembrulhar!
A preocupação então dá lugar
a sorrisos de orelha a orelha
mas há sempre um a pensar
e a olhar-me de esguelha
-Tu não és o Pai Natal!
Diz-me com convicção.
-Como sabes se me porto mal?
-Tenho o dom da adivinhação
As crianças vão brincando
com os presentes que lhes dão
os adultos vão falando
até surgir nova questão
estou eu a entretê-los
a pergunta vem em desafio
-Porque tens os chinelos
que pertencem ao meu tio?
A gargalhada é geral
digo que ele me consentiu
-E o Titi não tem Natal?
-Porque está lá fora ao frio?
-Está na hora de partir!
Digo para grande desalento
é o Pai Natal a sair
e o Titi a entrar sala dentro
-Teve aqui o Pai Natal!
-Eu sei! Estava lá fora com as renas
-Ele é um "godo" bestial!
-E deixou aqui as tuas "pendas"!
-Esta prenda também é tua
-Despacha-te! Toca abrir!
E a alegre festa continua
é bom ver crianças a sorrir!
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