Aos meus olhos apresenta-se a história
muralhas imponentes com memória
de tempos antigos, nosso passado
artefactos, palacetes e jardins floridos
vieram até nós, por outros construídos
tudo isto é nosso, foi-nos legado
Dos tempos feudais são sobreviventes
atravessaram eras, povos e gentes
resistindo à evolução do mundo
palco de fé declarada e devoção
pilares supremos do povo de então
religiosidade pura, sentir profundo
Casa da Ordem dos Templários
religiosos, guerreiros, solidários
que lutavam contra a heresia
em cruzadas pelo cristianismo
sob as leis de suposto humanismo
ou como diziam: Lutamos por cortesia!
No silêncio deste milenar jardim
embelezado para se mostrar assim
sente-se a força de antigamente
imagino o povo a refugiar-se
sob um caos ordeiro, instalar-se
protegendo-se de um ataque eminente
No interior das muralhas há de tudo
nada foi descurado, houve estudo
para acolher o povo em necessidade
alimentos e animais eram armazenados
para que em tempos mais complicados
se pudesse salvar toda a comunidade
Falo do que vejo à minha frente
e sinto orgulho da minha gente
que por aqui andou a edificar
também eles tinham as suas ambições
mas somos nós, actuais gerações
que da sua coragem estamos a beneficiar
Este texto foi escrito nos jardins interiores do Convento dos Templários de Tomar em 12 de Junho 2009
Como é triste sentir impotência
e no momento certo faltar reacção
agir sem manter a coerência
querer dizer sim, dizendo não
Como é triste ficar assim parado
e arrepender-me do que não fiz
ver com saudade todo o passado
e no presente não conseguir ser feliz
Como é triste o momento que passei
após a alegria fiquei entristecido
não me arrependo do que comecei
não acabar deixou-me constrangido
Como é triste querer e não fazer
só porque a cabeça não o permite
não adianta as justificações dizer
porque sei que a mente tem limite
Como é triste ser-se triste
e não viver sempre em alegria
por isso escrevo, caneta em riste
sou feliz ao fazer minha poesia
Este texto foi escrito no dia 11 de Junho 2009, no quarto da residencial onde estive hospedado, durante a minha estadia em Tomar.
Na paz deste banco de jardim
penso no motivo desta viagem
quero um novo início para mim
será aqui o ponto de viragem?
Com o passado sempre presente
é complicado imaginar o futuro
e o descernimento está ausente
encontrar soluções será bem duro
Preciso reflectir bem a sério
do que para a vida eu pretendo
o que aí vem ainda é mistério
que quero ver se desvendo
Enquanto não encontro soluções
que me permitam ver mais claro
vivo apenas as minhas desilusões
completamente só, sem amparo
Estando desiludido levo a reboque
momentos infelizes de embaraço
impotente, sinto grande choque
e pergunto-me: Agora o que faço?
Tenho pena de viver este momento
cheio de tristeza no meu olhar
mas luto contra todo o sofrimento
para a felicidade poder alcançar
Este texto foi escrito num banco de jardim em Tomar no dia 11 de Junho 2009
Numa esplanada junto ao Nabão
uma ponte velha salta à vista
deixo que se solte a inspiração
dou asas a esta veia de artista
transeuntes em constante movimento
num vai e vem, em fluxo permanente
mil ideias surgem no meu pensamento
energia que flúi e que agora se sente
liberdade sentida, pura satisfação
poesia que se faz, mais uma conquista
paisagem excelsa, digna de admiração
beleza natural, não há quem resista
palavras escritas, expressão de sentimento
poesia que se revela como sendo urgente
motes que aparecem num só momento
eis o meu sentir, também sinto como gente
Este texto foi escrito numa esplanada de Tomar, junto ao rio Nabão, em 11 de Junho 2009
Eis a chegada eminente
a desconhecido apeadeiro
eu, um simples forasteiro
em terra de outra gente
Eis-me aqui, ó Tomar
cidade que não conheço
procuro o que mereço
quero-me aqui encontrar
Que seja aqui o início
da minha nova existência
longe da vida-precipício
Venha a mim a inteligência
longe da loucura , hospício
onde existe só decadência
este texto foi escrito no comboio regional (Lisboa-Tomar) entre Santa Cita e Tomar a 10 de Junho 2009
Vou rumo ao desconhecido
onde só estive de passagem
curar um corpo ferido
eis a razão desta viagem
aqui, neste comboio, sentado
com esta caneta na mão
escrevo por estar inspirado
e nunca neguei a inspiração
vai ser curta a travessia
mas árdua a tarefa proposta
quero reencontrar a alegria
e na vida fazer nova aposta
de momento estou sem ideias
do que o futuro me dará
coisas lindas ou coisas feias
depois, logo se verá
quero aproveitar o momento
fazer um pouco de turismo
não dou lugar ao sentimento
farei uso de algum egoísmo
serão meus, estes dias
meus e dos meus poemas
idealizarei fantasias
e esquecerei os problemas
quero aproveitar a liberdade
que o afastamento me dá
visitarei uma nova cidade
estou quase a chegar lá
uma hora já se passou
desde que o comboio partiu
houve um apito que suou
e a inspiração logo surgiu
agora, a uma hora da chegada
caminho percorrido, metade
continua a mente inspirada
e assim escrevo com vontade
na poesia sempre fui feliz
mesmo no mau sentimento
só me arrependo do que não fiz
do resto não há arrependimento
palavras que solto no papel
quimeras de puro desejo
afasto-me da amargura, do fel
aproximo-me do que almejo
sinto-me vazio de emoção
sem sentimentos recalcados
agarro-me à minha razão
ultrapasso maus bocados
longa esta viagem espiritual
cujo desfecho desconheço
afinal sou apenas mortal
e de incertezas padeço
quero encontrar-me uma vez mais
e voltar ao que fui anteriormente
tomar as decisões mais racionais
e de novo, sentir-me gente
esta é a minha vontade
uma meta que me proponho
quero fazer uma realidade
partindo de um simples sonho
Este texto foi escrito durante a viagem no comboio regional (Lisboa-Tomar) no dia 10 de JUNHO 2009
Estou longe do meu pretérito dourado
tempo feliz, em que vivia despreocupado
e a vida era uma festa permanente
hoje vivo apenas e somente amargurado
sofro com saudades do meu passado
e, há muito que a felicidade está ausente
Quem me dera parar o tempo e voltar
aos tempos antigos e por lá ficar
sem aborrecimentos e preocupações
mas como não me é permitido regressar
só me resta este caminho continuar
e viver esta vida sem objecções
Mas que estou eu para aqui a dizer?
se esta vida que vivo não quero ter
porque estou farto de sofrimento
tenho que mudar, para a mente sã manter
da vida quero retirar todo o prazer
a acabar de vez com este tormento
Tenho direito à minha sanidade
quero expressar a minha liberdade
e ser mais eu, de agora em diante
não posso perder outra oportunidade
e continuar a viver na saudade
agarrado ao que já foi importante
Este texto foi escrito no dia 4 de Junho 2009
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