Expando meu olhar como asas de Condor
e voo sobre os corpos despidos ao calor
sem que meus olhos se detenham num só
dou liberdade a um pensamento triste
e pergunto: Será que a felicidade existe?
e da minha garganta apodera-se um nó
Cerro os olhos como um encolher de asas
o ar quente transforma-os em duas brasas
que se extinguem pelas lágrimas choradas
como dói saber toda a verdade da solidão
viver iludido por um vil futuro à condição
resultante de ter tomado as opções erradas
Mas não sinto remorso ou arrependimento
agi em consciência na hora e no momento
o meu destino já estava traçado de antemão
eu sei que desejei uma vida muito diferente
e os desejos não se concedem a toda a gente
muito vivem a vida inteira sem realização
Lá no alto céu, um sol sorri brilhante
reflecte-se na água, glória ofuscante
beleza natural que a vista encandeia
em amenas águas do Atlântico oceano
deito o meu olhar invejoso, humano
e nesta minha mente nasce uma ideia
Quem me dera ser um peixe migrador
que corre mundos em busca de calor
com apenas uma urgência que motiva
encontrar o rumo da terra prometida
até à morte, lutar unicamente p'la vida
e morrer no meu povoado, praia nativa
Quem me dera ser uma ave e poder voar
correr os céus num bater de asas regular
ser diferente como foi o Capelo Gaivota
reinar nos sete céus durante a Primavera
subir ao ponto mais ilustre da atmosfera
e poder poisar na mais recôndita ilhota
Quem me dera ser tudo menos humano
viver em sintonia com as estações do ano
e alimentar-me por necessidade, instinto
queria ser assim neste preciso momento
dar sequência a este meu triste lamento
perdoem-me, mas é assim que me sinto
Dia após dia, a mesma luta diária
tudo por um objectivo especial
em busca de boa vida, normal
tentar aumentar a conta bancária
Mas o pão aumenta todos os dias
e o dinheiro é cada vez mais curto
por isso muitos se dedicam ao furto
tudo vai piorar, não vejo melhorias
É cada um por si e fé na sua manha
atropelos constantes, desumanidade
acabou a era da terna solidariedade
até por ser pobre se faz campanha
Atenção que o pior ainda está a vir
o que nos contam é metade da missa
olho por olho, é o futuro da justiça
quem não actuar assim, pode fugir
Viver são e seguro como no passado
vai ser apenas e só uma real utopia
a esperança será apenas melancolia
assim será porque é nosso este fado
É cruel o mundo que aqui descrevo
que fazer quando a realidade é esta?
para quem aldraba vai ser uma festa
já chega! Dizer tudo não me atrevo
Sou apenas e só um murmúrio de vento
elementar brisa, quiçá dotada de talento
simples em qualquer situação da vida
sou bonança constante, tranquilidade
digo apenas o que sei com sinceridade
eu me disciplinei, não tenho outra saída
Mas também posso ser intenso vendaval
passar da acalmia a tempestade tropical
dependendo exclusivamente das situações
apesar de ser difícil assim ficar, acontece
converto-me em furacão, o sangue aquece
então nasce em mim a fúria de mil tufões
Como uma força da natureza, destruidora
após a cólera volta a calma apaziguadora
até parecendo que nada especial se passou
tudo regressa ao início, fico muito sereno
retorna então o meu temperamento ameno
nada sensacional revelei, eis como eu sou
Há um pequeno anjo menina
bastante marota e traquina
que à minha vida dá alegria
com o teu sorriso contagiante
levas a tua sempre adiante
sem ti, viver, já não saberia
Vives no mundo dos sonhos
tens olhos de mel, risonhos
que enchem o meu coração
és felicidade e contentamento
tens carácter e sentimento
e és mimada até mais não
Tu sempre serás a Princesa
de um conto cheio de beleza
teu reinado apenas começou
vive a preceito todo este dia
aproveita e goza da fantasia
que este momento propiciou
Agora és menina, não um bebé
não há colo, andas pelo teu pé
e a chucha que se foi embora
brinco contigo sem embaraço
dá-me o beijo, festa e o abraço
os mimos que o tio tanto adora
Hoje as velas tu tens de soprar
e três desejos podes encomendar
todos te permitem fazer planos
quero que tu sejas sempre feliz
aproveita bem enquanto és petiz
hoje é o dia dos teus cinco anos
Sobranceria deste rio com mansa corrente
que nem repara no som contínuo da ponte
quanto desdém exalta rumando ao poente
sem observar o Cristo Rei no alto do monte
Apesar dos barcos que rasgam a sua face
e levam consigo algumas gotas atreladas
este rio persiste na altivez, não há disfarce
apenas uma certeza pelas águas passadas
Tu ó rio que viste a partida de marinheiros
rumo a desconhecidos portos e povoações
agora és atravessado por velhos cacilheiros
botes e uma nova geração de embarcações
Tu meu rio cujo passado é a nossa história
foste o início das aventuras transatlânticas
atrelado a ti está um povo e a sua memória
és tu meu Tejo, palco de cenas românticas
O Tejo corre indiferente à poesia
nas suas águas há quem navegue
nas margens há actividade, folia
nada invulgar advém, o dia segue
Mas numa esplanada à beira rio
sente-se uma atmosfera diferente
a inspiração revela o seu poderio
e aglutina a ânsia de muita gente
Sente-se impaciência pelo evento
que, não tarda nada, vai começar
para muitos é o grande momento
ponto alto para mais tarde evocar
Hoje é o dia para este livro exibir
e conhecer autores desconhecidos
talvez algum possa a fama atingir
e ver os seus poemas reconhecidos
Mas antes de iniciar a solenidade
há amigos que ganham um rosto
são eles que usam a virtualidade
e nos dão poesia bem a seu gosto
Conversa de poetas em ascensão
discursos simples, não me oponho
afinal de contas, foi a apresentação
do livro "Entre o sono e o sonho"
Dedico este poema à minha amiga Natália Nuno (Rosafogo), que conheci pessoalmente no lançamento do livro "Entre o sono e o sonho".
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