Em ti eu me revejo a cada instante
como fosses uma cópia de mim
não que me ache um tipo importante
mas penso que és mesmo assim
Na tua calma e pachorra constantes
pareces bem mais velho do que és
repara bem como somos semelhantes
repara como andas e mexes os pés
Quem nos vir lado a lado numa rua
pode pensar que sejamos pai e filho
em surdina te digo: - Sorte a tua!
se fosse teu pai estavas num sarilho
Como não sou pai, somente teu tio
apenas conselhos posso e devo dar
põe de lado o teu génio de mau feitio
aproveita a vida enquanto ela durar
Este poema é dedicado ao meu sobrinho mais velho - JOÃO CARLOS - que hoje comemora o seu 13º aniversário. Parabéns Johnny Boy (Bife).
Queixa-se o homem de solidão
ninguém lhe estende uma mão
estando necessitado de carinho
mas hipócrita como ele sabe ser
no seu modo típico de agradecer
afasta os amigos e fica sozinho
Arranja um animal de estimação
um pássaro, um gato ou um cão
e assim deixa de se sentir solitário
mas com a temperatura a aquecer
chega a época de tudo esquecer
e revela o seu carácter primário
Enche de bagagem o seu carrão
certifica-se que fechou a mansão
mas encontra ainda um empecilho
as férias não podem comprometer
é mais um estorvo para resolver
e só o tem por não ter um filho
Perante a urgência de uma solução
só consegue despachar a situação
cedendo o fiel amigo ao abandono
como não tem mais tempo a perder
sem se ralar com o que vai ocorrer
assim crê estar a ser um bom dono
Fica aqui o meu alerta para a vergonha que acontece todos os anos por esta altura. Se não conseguem tratá-los com o mesmo carinho e respeito que eles têm por vós, pelo menos não os abandonem. Todos sabem como é triste a solidão e o abandono e os animais sofrem tal como os humanos.
A ti famoso preceptor de Frankfurt
que de Susette Gontard fizeste musa
qual ideal de beleza helénica
personagem do teu simbólico romance
dirijo estas palavras póstumas
negando na minha ignorância temporal
os porquês da tua loucura prematura
encapotada ou real, desconheço.
As tuas brilhantes e sãs Elegias
provam a sanidade do teu génio
contra os detractores do teu carácter
movidos pela pluralidade da tua fé
ou talvez pela singularidade do teu talento.
Quem sabe qual dos Deuses venerados
estará por detrás do legado que deixas
Tu que no Duíno compuseste tuas Elegias
e nos presenteaste com Sonetos a Orfeu
amaste na escuridão do meu desconhecimento
a história de uma amante largada
nestas terras lusas onde nasci.
Tu que escreveste uma obra universal
durante um interminável período
onde caberia uma nova guerra de Tróia
alimentaste amizades em altas esferas
mesmo assim, sempre foste e serás do povo.
Tão eterna como o teu legado
nunca atingirá nenhuma criação minha
meus versos são bem mais curtos e concisos
meus poemas menos prósperos
meu tempo é menos eternidade.
A ti que foste mestre da palavra e pensamento
agradeço as ideias e a humanidade
e a devoção com que homenageaste
as cartas de Mariana de Alcoforado.
Somos seres observados, dizia Ruy Belo
e eu aqui nas muralhas do meu castelo
não fujo ao olhar de quem me observa
e nesta jaula onde vegeto enclausurado
tudo o que digo ou faço é escrutinado
como animal guardado numa reserva
Os meus passos, estudados à exaustão
dizem quais os caminhos onde estão
todos os segredos que posso esconder
mas a realidade foge dos olhos alheios
não tenho sigilos, nem belos nem feios
nada escondo que me impeça de viver
As minhas frases sofrem forte vigilância
são escutadas com uma falsa elegância
que só os falsos sabem como estampar
a todos eles deixo este aviso de amigo
observem mas tentem aprender comigo
de outro modo é inútil assim observar
Revejo a minha poesia, o meu projecto
há tristeza e alegria neste meu trajecto
muitos versos, expressões de saudade
fiz poemas descrevendo como me vejo
outros tantos falam, amiúde, de desejo
todos eles testemunham minha verdade
Releio as minhas poesias mais antigas
odes que escrevi como redigisse cantigas
puros hinos ao meu mais puro sentimento
palavras que exprimiram o meu interior
motes de um aprendiz de poeta inferior
frases esculpidas pelo sentir do momento
Reflicto nos instantes em que as escrevi
e questionando-me sobre tudo o que li
apenas me ocorre uma explicação vã
sobre o passado, quase tudo, eu já disse
sobre o presente, escrevo por carolice
sobre o futuro? Escreverei algo amanhã
O meu mundo desmorona-se peça por peça
para além de mim, não há quem o impeça
eu não tenho vontade nenhuma de impedir
se tudo em volta ruir, ficam os escombros
aproveito e sacudo todo o peso dos ombros
não sobrará um grão de poeira por sacudir
Meu mundo desmorona-se neste momento
sinceramente eu digo que não o lamento
pouco do que tenho me poderá fazer falta
apenas quero guardar os livros de poesia
somente eles me deram motivos de alegria
e com eles quero poder regressar à ribalta
Meu mundo desmorona-se a cada instante
não tenho pena, não era nada de relevante
apenas uma vida que caminhava no vazio
vou começar tudo de novo, tudo do zero
ser egoísta e refazer as coisas como quero
reconstruindo de acordo com o meu feitio
. Convite a todos os que qu...
. És aquela que mais amo - ...
. 2 ANOS
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