Sou uno e indivisível
a mim mesmo pertenço
no bem e no mal.
Não ser de ninguém é uma bênção
e deste estatuto não abdico.
Gosto de ser pássaro livre
apesar dos momentos solitários
e dos voos sem sentido.
Recuso enjaular-me
em gaiolas alheias
e perder o meu céu
o meu destino.
Não prescindo da liberdade
de ter asas e voar
escolher minha rota
e os meus portos de abrigo.
Recuso ser ave aprisionada
pelos caprichos de outros.
Posso não ser canora
mas sou ave do meu jeito
assim me fiz
assim me mantenho
assim soltarei o meu último suspiro
Por mares nunca dantes navegados
andaram os marinheiros lusitanos
donos do mundo por vários anos
vastos os territórios conquistados
Em pequenas galeotas embarcados
venceram heróis gregos e troianos
apenas simples mortais e humanos
nunca me pareceram acobardados
Hoje em dia tudo isso parece mito
tão longe estamos dessa realidade
tão distantes de ter essa coragem
A glória não foi vã, nisso acredito
julgo que Pessoa disse a verdade
quando elaborou a sua "Mensagem"
No meu país à beira-mar plantado
sente-se do furacão, o seu rodopio
o povo vive com seu destino frio
o motor da nação parece parado
Neste meu país de grande passado
nunca ninguém recusou um desafio
mas hoje em dia existe um vazio
o tempo fez perder o nosso legado
Somos um povo de grande tradição
nós demos novos mundos ao mundo
fomos uma nação de excelsa coragem
Hoje vivemos em extrema confusão
sentimos que o barco irá ao fundo
assim vai terminar a nossa viagem
Solto o meu grito mais profundo
berro a insatisfação pelo mundo
o que estou a ver não me agrada
uns, coitados, bateram no fundo
e eu quero ver se não me afundo
evitando ser outra alma penada
Solto bem alto o meu ténue alerta
sem saber se esta é a forma certa
para deixar a sociedade alarmada
dou expressão a esta voz de poeta
não existe saída, uma porta aberta
para esta comunidade fragmentada
Lá fora a chuva cai.
Neste meu beco de ideias
tento alinhavar conceitos
em esboços de poesia
que me fogem ao sentido.
Lá fora a chuva cai
em bátegas inclementes
que, ruidosas,
desconcentram-me
impedindo-me de ser criador.
Lá fora a chuva cai
e talvez a água vertida
não queira ser poema
e ao diluir-se
lave o saber que me falta.
Lá fora a chuva cai
senhora de si
alheia ao mundo
alienada de mim
e do poema
que tento escrever.
Lá fora a chuva cai
com suas gotas de água
grossas
insensíveis
absortas
que ignoram a poesia
sendo elas próprias
poemas líquidos.
Lá fora chove poesia.
Deixo o meu olhar voar de asas abertas
consinto que no futuro faça descobertas
a vida é feita de contínua aprendizagem
voo sobre atitudes erradas, outras certas
concentrado nos sinais de perigo, alertas
sem nunca interromper a minha viagem
Soltas pela minha vontade, as asas libertas
voam de um modo próprio, ficam espertas
o meu olhar adeja por instinto e coragem
paisagens ganham vida, formas concretas
legendadas pela verve sábia de mil poetas
dando a conhecer a verdadeira mensagem
Neste mundo virado ao contrário
já ninguém consegue ser solidário
temo mesmo que ninguém quer ser
cada um trilha o seu rumo solitário
com os pensamentos no numerário
objectivo comum, apenas enriquecer
Neste mundo sem frente nem avesso
o homem é um ser ignóbil e travesso
solidariedade só se for sem querer
todos exigem porque: - Eu mereço!
por essa vontade, tudo tem um preço
hoje apenas o dinheiro exerce poder
Neste mundo só o dinheiro é realce
em sã consciência, digam-me lá se
não é novidade o que estou a dizer
nem existe quem negue ou disfarce
se hoje este vil metal não mandasse
poucos seriam os que saberiam viver
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