Ao longo da vida
foram tantos os caminhos
que percorri.
Trilhos frequentados
outros gastos pelo tempo
e pelo desuso.
Ao longo da vida
andei em linha recta
e em círculos
em busca de tudo e nada.
Andei por andar
ou com objectivos em mente.
Palmilhei quilómetros de incertezas
inverti marchas
forcei passagens
alterei rumos à última hora
repeti percursos.
Ao longo da vida
foram tantas as encruzilhadas
momentos de indecisão
urgência nas escolhas.
Andei tanto ao longo da vida
que gastei as solas das botas
e passei a andar descalço.
Agora
com os pés macerados
e a alma cansada
apenas peço um pouco de descanso
ou um novo par de botas.
Tempo de inconsciência induzida
respiração artificialmente assistida
nas mãos de estranhos, a esperança
quatro horas fantasmas numa vida
quatro horas de memória perdida
tempo vivido sem uma lembrança
Quatro horas que só posso evocar
quatro horas que passaram a voar
quatro horas ocas que não esqueço
a dor é um simples preço a pagar
o desconforto é fugaz, vai passar
a quem me entreguei eu agradeço
Este poema é dedicado a toda a equipa de médicos(as) e enfermeiros(as) do Hospital de S. José, envolvidos, directa e indirectamente na cirurgia a que fui submetido na passada 6ª feira. A todos o meu OBRIGADO
Desconheço se é pecado
cantar em tom magoado
o que vai neste meu peito
sendo, serei eu perdoado
por cantar assim um fado
neste triste e azedo jeito
Desconheço se é pecado
dizer que tenho marcado
um amor no meu coração
sendo, serei eu perdoado
por estar assim agrilhoado
preso a esta doce paixão
Desconheço se é pecado
gritar alto por todo o lado
quão dolorosa é esta dor
sendo, serei eu perdoado
por estar assim apaixonado
e sentir urgência de amor
Desconheço se é pecado
ter o coração dilacerado
e minha alma manchada
sendo, serei eu perdoado
por um amor ter calado
e manter a boca fechada
Desconheço se é pecado
o amor que me foi negado
e me deixou a lamentar
sendo, serei eu perdoado
por me agarrar ao passado
e este fado agora cantar
Noite quente e escura
céu sem estrelas nem luar
é cegueira que perdura
nada vejo na sombra do teu olhar.
Manto de breu envolvente
eterna treva pardacenta
um abraço que se sente
de uma alma que se ausenta.
Na pele uma carícia
um arrepio que floresce
um beijo com malícia
um desejo que cresce.
Toque atrás de toque
paixão p'los teus seios
frémitos loucos, choque
sem pudor, medos ou receios.
Mentes novas, abertas
em incessante luxúria
frescas descobertas
em ritmo de fúria.
Amor feito a gosto
dois seres em sincronia
mas não vejo teu rosto
nem vê-lo, eu podia.
Dois corpos, lado a lado
unidos na escuridão
amanheço transpirado
acompanha-me a solidão.
Acordo de mais um sonho
não passou de fantasia
desperto mais tristonho
por nascer mais um dia.
A todos quantos isto possa interessar
leiam com atenção o que vou relatar
escutem bem o que eu vos vou dizer
há um passatempo prestes a começar
cujo objectivo é a literatura divulgar
e há um livro de poesia para oferecer
Convosco pretendo e devo ser honesto
o passatempo é simples, bem modesto
mas ajuda na difusão da nossa língua
é mais um alerta em jeito de protesto
pouco mais é que um simplório gesto
em prol do portuga qu'anda à míngua
Quem quiser, deseje e possa aparecer
ou tenha um elevado interesse em ler
livros escritos em língua portuguesa
só tem uma saída, uma coisa a fazer
é dar uma olhadela por lá e assim ver
uma sã iniciativa prenhe de singeleza
Até ao fim da próxima semana estará em vigor um passatempo no blogue http://manulomelino.blogs.sapo.pt/ que premiará um dos participantes com um exemplar do meu livro AMADOR DO VERSO. Este será o primeiro de muitos (espero) para isso conto com a vossa presença e divulgação.
Não há poeta cuja mão não trema
ao dar vida à sua própria criação
só um poeta vocifera e blasfema
na sempiterna busca da perfeição
Não há poeta que use por emblema
falta de génio, de alma e de razão
porque a poesia jamais será dilema
mesmo nos versos sem expressão
Não há poeta que renegue a poesia
e tampouco quem dela se desfaça
por mais que a palavra diga o oposto
Não há poeta que creia ser heresia
dizer: O poema é filho da desgraça
e um poeta só o pode ser por gosto
. Convite a todos os que qu...
. És aquela que mais amo - ...
. 2 ANOS
. Eu noutra plataforma
. Raízes