Vou rumo ao desconhecido
onde só estive de passagem
curar um corpo ferido
eis a razão desta viagem
aqui, neste comboio, sentado
com esta caneta na mão
escrevo por estar inspirado
e nunca neguei a inspiração
vai ser curta a travessia
mas árdua a tarefa proposta
quero reencontrar a alegria
e na vida fazer nova aposta
de momento estou sem ideias
do que o futuro me dará
coisas lindas ou coisas feias
depois, logo se verá
quero aproveitar o momento
fazer um pouco de turismo
não dou lugar ao sentimento
farei uso de algum egoísmo
serão meus, estes dias
meus e dos meus poemas
idealizarei fantasias
e esquecerei os problemas
quero aproveitar a liberdade
que o afastamento me dá
visitarei uma nova cidade
estou quase a chegar lá
uma hora já se passou
desde que o comboio partiu
houve um apito que suou
e a inspiração logo surgiu
agora, a uma hora da chegada
caminho percorrido, metade
continua a mente inspirada
e assim escrevo com vontade
na poesia sempre fui feliz
mesmo no mau sentimento
só me arrependo do que não fiz
do resto não há arrependimento
palavras que solto no papel
quimeras de puro desejo
afasto-me da amargura, do fel
aproximo-me do que almejo
sinto-me vazio de emoção
sem sentimentos recalcados
agarro-me à minha razão
ultrapasso maus bocados
longa esta viagem espiritual
cujo desfecho desconheço
afinal sou apenas mortal
e de incertezas padeço
quero encontrar-me uma vez mais
e voltar ao que fui anteriormente
tomar as decisões mais racionais
e de novo, sentir-me gente
esta é a minha vontade
uma meta que me proponho
quero fazer uma realidade
partindo de um simples sonho
Este texto foi escrito durante a viagem no comboio regional (Lisboa-Tomar) no dia 10 de JUNHO 2009
De Triskel a 19 de Junho de 2009 às 22:52
Olá Manu,
Que engraçado...estiveste em Tomar...
Também ando por aqui...ou andava!!!!
é uma cidade simpática...
beijo
De
manu a 20 de Junho de 2009 às 20:12
Olá Breizh! É uma cidade encantadora. Apesar de pequena tem muito para se ver. Beijos
Ó Manu, é extraordinária a sua veia poética, o seu estro, a sua inspiração, que lhe guia a imaginação e a mão a lavrar e semear no papel seara poética que o alimenta espiritualmente, ainda que a sofrer dissabores ou desamores, dando-lhe força tal o poema, que o ergue em nimbo de coragem, tenacidade, vontade de vencer o que quer que seja que o atormenta, ou atormentava, viajando em comboio de esperança e desejo de chegar, como que para se purificar de seu estranho mal e de novo, ao regressar, ser ou tentar ser poeta menos sofrido, mas sempre poeta apreciado e lido.
(Para variar, hoje o comentário é em prosa, algo poética, diga-se.)
Um grande abraço, Manu.
Mírtilo
De
manu a 20 de Junho de 2009 às 20:23
Amigo Mírtilo!
Acertou em todos os adjectivos utilizados
esse que aqui descreve só posso ser eu
para trás ficaram maus momentos passados
voltei a encontrar-me, um novo Manu nasceu
Belo momento de prosa poética. Aprecio a forma como se expressa.
Abraço forte
De
rosafogo a 20 de Junho de 2009 às 00:16
Lindo como sempre.
Gostei de saber que andou distraindo a alma, lá p'las minhas paragens, pena não ter visitado Torres Novas
que tem agora uma das melhores bibliotecas do país, e um rio ladeado por jardins, de fazer sonhar todos
os poetas e não só ,qualquer criatura que pense arte,
esqueci-me de mencionar o castelo de Gil Paes com nove torres, magnífico. Quando puder vá até lá, não fica atrás de Tomar. Estou a puxar a brasa á minha sardinha, não sei se já reparou?!
Bem já fiz de cicerone, resta despedir-me deixando
aquele abraço
Natália
De
manu a 20 de Junho de 2009 às 20:34
Olá Rosafogo!
Vamos lá ver se surge a oportunidade
de conhecer a sua cidade de eleição
acredite, não é por falta de vontade
nem tampouco por falta de disposição
foi curta a minha passagem por Tomar
apenas três dias para na vida reflectir
decidi ir onde o comboio me podia levar
só o fim da linha me impediu de prosseguir
Abraço.
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