De ti poeta sem papas na língua
nasceram poemas sapatos
poemas espanadores
poemas silêncios
poemas ruidosos
poemas gritados
poemas sussurrados.
De ti poeta sem medos
nasceram poesias punhais
de lâminas afiadas
lâminas de serrilha
que feriram sem matar.
De ti poeta sem egoísmo
nasceram poemas louvores
poemas homenagem
poemas devoção.
De ti poeta sem terra
nasceram poesias respeito
poesias admiração
poesias amizade.
Por ti poeta sem tempo
nasceu a minha afeição
por um conceito maior
que revelaste ao mundo.
Como tu poeta da transparência
também eu quero ser poeta
quero ser tudo o que disserem
mas...
"poeta castrado... não!"
Olá Manu,
Para mim já és poeta... consegues "poetar" em qualquer registo, sobre qualquer tema... só te falta a fama... mas acredito que já tens um pedaço dela!
beijo bom
De
manu a 28 de Setembro de 2009 às 16:42
Olá! Não persigo a fama, contentava-me com os 15 minutinhos de glória.
Beijos
Manu
Sabes o quanto esse poeta me diz...! Tive o previlégio de o conhecer pessoalmente e amo a sua poesia, robusta, sentida, resisten, pecadora, provocadora, convicta e tão ternurenta também!
É para mim uma inspiração!
Obrigada por o lembrares aqui, num poema bonito!
"...Foi ódio e foi amado
Tão bem cantado por tantos
Poeta da raiva, inconformado
Sentido das palavras, Ary dos Santos..."
(in "A Força das Palavras") Ausenda Hilário
Beijo Maior
De
manu a 28 de Setembro de 2009 às 22:59
Olá Ausenda! O mais engraçado é que ao escrever este texto, a primeira coisa que me passou pela cabeça foi que ias gostar de ver este poeta aqui lembrado. Intuições minhas. Espero que tenhas gostado também do meu último post no Manulomelino. Este meu poema surgiu após ter lido o livro que sugeri. Beijo Grande
Amigo Manu:
Ultimamente, o tempo por vezes escasseia, não dá para fazermos tudo, esse omnidominador abstracto Senhor que é o Tempo, e só hoje passo por aqui para ver mais uma maravilha poética, neste caso dedicada a essa tão grande figura da poesia portuguesa contemporânea que foi Ary dos Santos, poeta, como o Manu diz no seu poema, do tudo e do nada, sobretudo poeta do desassossego e da raiva perdidos noites dentro por essa nocturna Lisboa, mas «poeta castrado... não!». Isso ele não foi.
Parabéns pela memória de Ary dos Santos e pelo magnífico poema do Manu.
Um abraço.
Mírtilo
De
manu a 28 de Setembro de 2009 às 23:06
Amigo Mírtilo! Compreendo perfeitamente o que diz ao referir a escassez de tempo, sofro do mesmo.
Em relação a este meu poema posso dizer-lhe que surgiu após ter lido um livro do poeta em questão, intitulado "Obra poética". Embora não conhecesse a totalidade da sua obra já tinha uma ideia muito concreta dos poemas de Ary dos Santos por ouvir muitas das músicas cujas letras foram de sua autoria. Incontestávelmente um dos melhores poetas da contemporanidade, como refere. Forte abraço.
Bravo! Venho dar os meus parabéns por esta homenagem, Manu!
Um grande abraço!
De
manu a 1 de Outubro de 2009 às 01:28
Olá poetisa! Na minha memória tenho uma imagem deste poeta a declamar "Poeta castrado...não" com um copo de gin na mão. Sempre associei a sua poesia a uma certa irreverência e acutilância. Abraço grande.
Sim, sim! Também eu! Sempre gostei muito do Ary!
Abraço grande!
De
rosafogo a 3 de Outubro de 2009 às 23:11
Hoje também me tem a ler este belíssimo poema, homenageando um poeta que eu também admiro, pela força, da sua poesia e pela força com que a declamava.
Também possuo a Obra Poética e de vez em quando
volto a ler, quando me dá saudade.
Também já tinha saudades dos seus poemas, mas hoje não abalo sem ficar tudo lido.
Desejo que esteja bem e feliz,
Deixo meu abraço, com desejo de bom domingo
rosafogo
De
manu a 4 de Outubro de 2009 às 04:08
Olá Rosafogo! O meu tempo tem estado a ser escasso para tantas solicitações mas sempre arranjo um espaço para a poesia e para os amigos, mesmo às 4 da manhã. Abraço.
Comentar post